sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Pequena Morte e Grande Diversão por Sérgio Rosa




Pequena Morte é diversão em forma de música em cima do palco. Formado em 2006, o grupo belo-horizontino apresenta uma mistura de diferentes estilos (rock, jazz, mpb) que, no final, o som se aproxima de algo parecido com ska, de acordo com os seus integrantes. No dia 15 de agosto, a banda será a primeira convidada da festa Overmundo Colabora, realizada no bar A Obra.


- Para quem não sabe, expliquem o nome da banda e se isso tem a ver com alguma característica do show de vocês.


O nome da banda é uma tradução literal da expressão francesa 'petit mort', que é uma metáfora para o orgasmo. Sabe aquela sensação de completo desligamento com o mundo e o cansaço prazeroso que temos no momento do orgasmo? É essa a sensação que pretendemos proporcionar àqueles que se envolverem com nosso som.. Ao contrário do que muitos pensam ao se deparar com o nome da banda, não se trata de uma sonoridade conectada ao lado mórbido das coisas, pelo contrário, procuramos fazer um som para divertir o público e a nós mesmos.


- Quais influências no som da banda? O que vocês gostam de escutar?


Somos seis pessoas na banda, cada um com uma relação e um background diferente com a música. Por serem tantas, é difícil falar de influências hoje em dia. O que dá pra dizer é que cada integrante trás um pouco de sua bagagem para o som da Pequena Morte, buscando sempre uma sonoridade que dê vontade de mexer o corpo, nem que seja só batendo o pé no chão. De Tom Jobim a Radiohead, de Skatalites a Nação Zumbi, de Clube da Esquina a Dave Brubeck, tentamos extrair o lado divertido, que acabou resultando nesse som, que parece ska, mas que nem sabemos ao certo o que é mesmo.


- A Pequena Morte prefere o estúdio ou o palco?


O palco, com certeza! É ali que a gente vê que consegue transmitir às pessoas a sensação que buscamos quando tocamos. É claro que nos divertimos muito nos ensaios, mas o tesão mesmo está na relação com o público.

- Vivemos um momento em que são buscados novos modelos de negócio para a música. O download do disco novo do Cansei de Ser Sexy patrocinado por uma grande empresa é um exemplo. Vocês têm alguma opinião sobre isso? Acham que realmente estamos mudando de visão sobre consumo da música? Ou que a maior parte dos artistas ainda sonha em assinar com uma grande gravadora?

Falar que o mp3 mudou a maneira de se consumir música já é chover no molhado, né? Cada um vem buscando seu caminho para se firmar nesse contexto e não há fórmulas para isso. Ser pago para que pessoas baixem suas músicas para escutar onde quiserem não parece uma má idéia de jeito nenhum. Nada melhor que música se espalhando como vírus por aí. Democratizar é bem mais interessante que controlar a circulação de qualquer tipo de produto cultural. O ideal mesmo é que as bandas construam sua reputação nos palcos, mais que nas prateleiras de lojas. É claro que o contrato com uma grande gravadora ajuda muita gente a difundir seu trabalho pelos mais diversos meios, mas a cena independente está aí para mostrar que existem outros caminhos que podem ser até bem mais recompensadores que o mercado das majors.

- Você concorda que atualmente os músicos passaram a se envolver mais no processo de produção da música e de outras tarefas (divulgação, design, etc.)?

Claro. Hoje qualquer um tem acesso a ferramentas capazes de dar forma a idéias que antes eram bem mais complicadas. Home stúdios, sites colaborativos como o Overmundo, essa facilidade que se tem em espalhar informações a públicos específicos através da rede, ferramentas de edição de imagem e produção gráfica estão aí para serem usadas. A nossa banda mesmo tem dois jornalistas, um designer gráfico, videomaker e todo o aparato necessário para gravarmos nossas coisas. Se tivéssemos mais tempo livre, seria possível fazer tudo com soluções caseiras.

- A banda pensa em lançar disco, seguindo um caminho mais tradicional?

Um disco, com uma linguagem própria e um acabamento bem feito ainda é a melhor ferramenta para divulgar o trabalho de uma banda. Além disso, a sensação de ser ler um encarte em papel e colocar um cd prensado no som ainda é mais gostosa que a de baixar um álbum na internet, não é verdade?

- Na opinião de vocês, como estão os palcos mineiros atualmente? Há muitos espaços para tocar? Quais bandas mineiras vocês destacam na cena atual?

Os palcos dependem de que som estamos falando. Vou falar do que consumimos com mais freqüência. Se o lance é o rock independente, ou qualquer coisa que podemos classificar dentro de uma estética "jovem / alternativo", existem praticamente duas casas na cidade: Obra e Matriz. De vez em quando, quando o show tem um porte maior, o Lapa funciona legal também. Tirando isso a maioria das casas só está aberta a bandas pequenas/médias quando estas fazem parte de nichos muito específicos: Rock`n Roll, Reggae, MPB, Pop Rock...

Rolam muitas bandas bacanas. Entre as que já fomos/iríamos aos shows, podemos destacar: Surf Mother Fuckers, Reverb All Stars, Maitê, Monster Surf, Graveola e o Lixo Polifônico, Black Sonora, Fusile, Constantina, Ballet, Tempo Plástico, Skacilds, Moldest e Colorido Artificialmente. É importante chamar atenção também para alguns jovens de formação notadamente erudita na cena musical de BH. Antônio, Rafael Macedo, Rafael Martini, Rafael Cheib, Felipe José, Kristof Silva, os baixistas Trigo e Pablo Maia, são alguns representantes da música de qualidade feita na cidade.

Publicado no Overmundo

Nenhum comentário:

BlogBlogs.Com.Br